Inflação sobe nos vizinhos: na Bolívia, nem tanto
Em dados disponibilizados nesse início de dezembro, o Instituto Nacional de Estadística de Bolivia divulgou dados surpreendentes sobre o comportamento dos preços na Bolívia: apenas 0,96 % para novembro, ou seja, uma variação nesse percentual ante novembro do mesmo mês do ano anterior. Os componentes com as maiores variações de preços foram os seguintes: transportes (0,77 %), bebidas alcoólicas e tabaco (0,71 %), comunicações (0,57 %) e alimentos e demais bebidas (0,30 %).
O país hoje possui o menor índice de preços da América do Sul e, ao redor do mundo, está entre os campeões em baixa inflação.
No gráfico abaixo, o índice de preços boliviano é comparado ao mesmo índice dos países vizinhos:

Algumas razões
Como o boliviano (moeda local) usa o dólar americano como moeda âncora (operando sob um regime fixo), a valorização do dólar implica em valorização do boliviano, e vice-versa, que é o que demonstra esse outro gráfico abaixo:

Com o dólar voltando a ganhar força, o boliviano se beneficia.
Apesar de estar sob um governo abertamente socialista (Luis Arce foi ministro da economia de Evo Morales), o Banco Central de Bolivia tem sido um dos mais conservadores nesses tempos pandêmicos, de forma que o M1 (a soma de todas as cédulas e moedas metálicas em poder do público mais todos os depósitos à vista, o dinheiro mais líquido na economia) cresceu 13,92 % entre os meses de janeiro de 2020 e setembro de 2021, com uma queda considerável na sua taxa de crescimento em janeiro de 2021, entre os menores do mundo, estando menor do que na Alemanha e próximo da Suíça:

Isso, somado aos bloqueios econômicos os quais causaram uma queda coercitiva na demanda dos indivíduos, causou uma pressão baixista nos preços no país.
Informações de Trading Economics e Instituto Nacional de Estadística de Bolivia.